Entre mendigos deserdados,
As fogueiras em latas de lixo,
Na poça mais suja vejo-te. Que dizes agora,
Castigado orgulho de Prometeu?
"Espelho, espelho meu, não me abandones
Peço-te que mesmo em farrapos,
Fiapos de mim, és a única janela,
A visão de meus seculares desejos".
Mesmo com rugas nos olhos, a vontade,
Fantasma em véus e trapos
Andando seminua em minha pele,
É o sopro e a chama que me deu o deus titã.
O corpo de Prometeu traz a chaga mais velha
E é dela, do castigo e da dor, que se servem os deuses,
É nela que bebem do nosso amor rebelde.
O sangue dos homens brilha entre iras e concessões.
O sagrado também está nas poças mais sujas
E nas chamas que dançam nas fogueiras dos miseráveis.
Orgulho castigado, imagem acorrentada,
Não meu espelho, não me abandones.
29 de junho de 2008
O orgulho de Prometeu
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2 comentários:
como Dioniso, Prometeu é um deus dos homens, não importando no que é que estes vão se tornar...
belo poema, Mario, bonito!
beijo
Edmea Thea
Que lindo. Como sempre, aliás!
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