12 de agosto de 2009

As mãos sujas do poeta




I
Em minha saliva
O sabor agre e amargo
De Alexandria em chamas
É pura memória...
Falso!
Eu nunca estive em Alexandria
Ela é que está em mim
E eu ardo em febre!

II
Sob a luz vermelha das labaredas
Meu rosto em lágrimas vê,
Passado em páginas de papel couchê,
A pobreza de Roma incender-se de casa em casa...
Mas não há mais que uma agenda e uma caneta
Em minhas mãos,
Não há mortos
Apenas minha alma que se abrasa insana!

III
O fogo faz ruir duas torres em NY...
Tragédia na televisão, choque dos aviões,
Terror & gozo.
Meu olhar atônito é como sonho em carne viva!
Meus braços estão mergulhados em sangue inocente
Por todos os séculos... Mas,
O amor está numa secretária eletrônica
Para o mundo todo ouvir
"quero que saibas: te amo, te amo"
Eu alma, eu testemunha, eu escriba ouço...

IV
Cairá Paris também em fogo num incerto futuro.
Muros a derrocar por meus ossos mortos.
Um pensamento invade-me:
O que estará devastado será o que sou hoje
A afogar em meu poente lacrimal!
Renascerei das cinzas? Quem sabe...

3 comentários:

Carolina disse...

Mario....
obrigada por mostrar esses poemas.
São como um alimento pra Alma! Representam muito mais do que esta escrito... e você sabe do que eu tô falando!!!
EU TE AMO....
Carol

nasasasdaaguia.blogspot.com disse...

Mario,
Lindíssimo poema.
Como tudo o que sai de seu coraçao.
Se conseguir achar o caminho do renascer, prometa-me que me mostrará o caminho?
beijos na alma

De Marchi ॐ disse...

Linda... :)