Coração, coração meu,
Terra, veneno e cio,
Sangue derramado
Que pertences aos olhares vadios,
Aos medos cotidianos,
Às longas noites de frio,
Aos esquecimentos outonais,
Dança e ama, coração zagreu
Entrega-te sem desdém
Às bocas entreabertas,
Às cochas descobertas,
A todas as ofertas
A todos os apegos
A qualquer um que te dê um vintém,
Ao barqueiro da margem derradeira
Mas não a mim que me renego,
Não a mim, fonte e ninguém.
2 comentários:
Adoro essa...
Pois é, poeta, a vida nos afeta de maneira incisiva. A cada um de maneira única.
Para nós as nossas dores, angústias e alegrias são as maiores coisas da vida, e algumas vezes, esquecemos que a Fonte geradora desse todo que conhecemos é algo ainda mais amplo e sem medidas, sem tempo e sem espaço, chame-se isso de Infinito, Substância Neutra, Tese, Yahweh...
O poeta, o que é de verdade, trafega nesses planos que une esse Infinito com todas as suas "manifestações", as popularmente conhecidas "coisas da vida".
Essas coisas daqui e "d´alem mar" começaram (digo apenas começaram) a fazer um sentido para mim há pouco tempo...viver ainda dói e amedronta, mas consigo visualizar um pouco melhor, o por quê !
Muito bom saber que você continua operante...e honrou-me com sua visita e palavra.
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