Dos momentos incertos onde dizes 'não'
à praxe dos dias em que te calas, ausente,
aguardo que despejes um 'talvez' oblíquo
no instante eterno onde espero um 'Sim'
Ao tilintar das esmolas dos teus gotejos
e à glória abençoada dos teus lampejos
dediquei desnudo minhas noites em claro
e sonhei, voraz, cada um dos nossos dias
Apontaste-me a praia mas rumaste ao ermo
Diabos ao mangue! O que procuro está aqui,
no sal da tua boca, na maresia de tuas coxas:
Eis aí Meu Oceano, a orla de meus desejos!
Recuso-me a ouvir tua sinfonia morosa,
Tuas ondas contidas a bater nos corais
Presas aos escolhos de tuas 'escolhas'
e às carcaças roídas dos velhos naufrágios
Na taumaturgia de logro de teus desesperos
evocas em vão a ressureição dos mortos
e despertas não mais que rotos fantasmas...
Por que não a mim, que adormeço em ti?
Como crer-te, Impiedosa?
Cala-te por suspiros, a convicção da tua voz perece,
refuga, pois vem de teus Deveres e não de Quereres.
Tuas gotas salobras molham os dentes de plástico
com os quais dás Adeus e sorris, sem crer
Por que não tiraste o Grão do sepulcro
e plantaste no solo quente desse abraço?
Ignoras? Semente não brota em concreto
nem as Mudas, tuas, de tua dor viverão.
Pois entrega-te ao embaraço de teus dias
à geada eterna de tuas noites infindas
Deita-te inerte sobre o mármore frio...
Mas o Amor não blasfemeis, tu e teu medo da vida.
11 de junho de 2008
Tudo o que pude
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5 comentários:
Este é mais belo ainda.
Como trazer de volta uma mulher ao arrebatamento?
Olhe, só tomei a liberdade da imagem, mas pode regeitar, viu? rsrssss
Um abração
Mario
"(...)
evocas em vão a ressureição dos mortos
e despertas não mais que rotos fantasmas...
Por que não a mim, que adormeço em ti?"
***
Simplesmente magnífico!!!!!
Lindo mesmo...
Lindo, li algumas vezes...
Eu digo que me sinto no meio das palavras.
Que bom poder viver sem medo algum, enfrentando, chorando e sorrindo.
Me vi em suas palavras.
Parabéns, querido
Dói, mas é verdade...
A cada passo a areia movediça me enreda mais. Eu quero, só não sei como!
Temo arrastar-te.
Obrigado!
Ainda incomodado com o "blasfemeis"... a idéia era falar dela e do Medo como dois entes distintos, mas quando se lê todo o poema em 2ª pessoa, a quebra mais parece um erro do que um propósito.
Enfim, deixemos fermentar...
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