Doce espectro que me segue nas ruas desertas,
A noite avançada em meus delírios nus.
Eco dos meus sapatos no fim do caminho,
És silêncio ao me voltar a ti. Vejo-te, não te vejo.
A noite é mãe e seu colo é este gueto sujo.
Fiel como um cão, tropeças em mim nas encruzilhadas,
Arrastando teus trapos à procura dos meus.
Tento surpreender-te na próxima esquina, olho não olho.
As fábricas ressoam em distantes boatos,
O coração que se ouve do útero é o pulsar da solidão.
E eu penso como deve ser teu rosto, minha sombra,
Sinto-o triste, mas não o encontro! Estás aí, não estás...
Engendrado neste ventre urbano imagino-me só
E quase perco tua pista sutil, quase sou eu, quase não tu.
Procuro teus andrajos brancos, paro, ouço, espero...
Estás aí, meu reflexo? Dize-me, estás aí? Ou melhor não?
Silêncio diante de ti meu espelho, silêncio de mim.
Tentarei de novo na próxima esquina, vejo-te, não te vejo.
Triste meu rosto, espelho! Sinto-me, não me sinto...
Ai, meu espectro, responde: estás comigo ou sou eu só?
12 de agosto de 2008
NOTURNO 16 O fantasma em mim
Assinar:
Postar comentários (Atom)
4 comentários:
caramba... Uma das mais f* que já li aqui...
Tuas pinturas urbanas cativaram minha imaginação desde o primeiro dia. Vida longa aos noturnos e ao que dizem da Noite para além da noite.
valeu menino
Beijo
Azul Marinho
Percebo no entorno da sua silente caminhada
postes, lâmpadas
sombras projetadas longe e longas
quando próxima da luz
da luz do poste
sombras suas
de você
Beijão
Joy
Postar um comentário