18 de abril de 2008

Nem Mesmo Nu

Nem mesmo nu consigo estar contigo.
Não é por teu enigma mas por eu ser outro.
Alma na lama, é meu estigma ter o corpo de pó.
Comigo também não estou porque sou só.
E padeço da vontade de viver.
Meu amigo desfigurado e sem abrigo,
Olho-te e não me desvendo,
Continuo apenas sendo um nó a desatar de ti.
Eu tento, ó sim tento!
Enlaço teu corpo e me calo,
Embalo em nós o que não somos,
E é por isso que te solto.
Talvez de nada valeria:
Tocar um corpo já é iconoclastia.
Mas não, insisto e te abraço novamente.
A alma vadia consente
Estilhaços de amor em nossa poesia.

Um comentário:

De Marchi ॐ disse...

Bendita alma vadia e sua sabedoria das Eras, que desconhece possuir!