25 de abril de 2008

Noturno 10

A noite enlaça a calçada morta,
A rua a soar ecos incertos,
E os passos perdidos.

Estranha hora essa,
Ilusória e selvagem de lamber feridas,
Quadros a despencar no escuro.

A hora do amor foi-se embora,
Ficou a vaga dos pensamentos,
Fantasia entre cacos de realidade.

É tudo como um grande engano,
Um tropeçar nas próprias pernas,
Memórias apagando e ir-se, ir embora.

Suspensas no andar de cima ou no porão,
As alusões, as verdades, as paixões, os beijos,
Tudo é cinza e amarelo, boatos improváveis.

A noite é cheia desses sons distantes:
Carros, latidos, silêncios gritantes,
E uma estranha dor de estar aí, no lodo da consciência.

Um comentário:

De Marchi ॐ disse...

Outro dia te pedi para datar essas palavras... demorei pra entender que isso talvez só tivesse valor aos mais íntimos, e que de fato todo o contexto que importa já está aí.