19 de novembro de 2008

Inspirar, ver, espirar...

Vou sair pelos trigais desertos
A respirar fundo e a me doerem os olhos
No ar dourado, ouro de sol da terra prenhe,
A parir cor, vida, quereres e cios,
A dança das águas e o som grave do vento.
Ver o cavalo cair pesado, sôfrego e lento
E a morte ser-lhe concedida, certeza e sina.
Vou sair, a saliva a secar em minha boca
E dizer a mim mesmo que entendo e resisto.
Vou correr pelos cantos desertos das esquinas
Em plena sujeira de todos os dias,
Os pés sôfregos e lentos no meio da rua fria.
Vou ver o homem cair pesado e o fim em seu rosto
Certeza e fado, a luz e a sombra do tempo.
Não paro. A deslizar pelos trigais desertos,
Pelos caminhos das asas no coração,
A paixão, o penar, o amor e o ser,
A paz e a morte enfim no acolhimento da terra.
Inspirar, ver, espirar...

Um comentário:

Anônimo disse...

Belo...

Galego