28 de abril de 2009

Noturno 17 - Outono urbano



Escura noite riscada de luzes,
A lua já não está lá,
A rua já não tem ninguém lá
Os fios tensos estão vazios
O andarilho fugidio já lá não passa...
O céu sem brilho, denso de nuvens e fumaça,
Véu disforme e penso, empoçado de baixios,
Cobre-me.
Luzes lisas, frisos dos lumes artificiais,
Boatos e sons fractais,
Frio da cor de betume...
E eu insone e quase imune
Espreito.
Na lua cheia ida,
O verme já não passeia mais!
Fecho a janela da aberta ferida
E desmancho-me:
Mesmo eu já não encontro meus sinais...

2 comentários:

Vanessa Marques disse...

Opa opa....adorei...nem preciso dizer que está demais!

Abraço!
Vanessa

De Marchi ॐ disse...

A foto me transportou pra uma janela afiada que fere os cotovelos e o coração quando nela nos debruçamos por tempo demais...