15 de maio de 2009

Mnemon



No escuro cobre do quarto
Tua boca tem gosto de volúpia faminta...
Entre as luzes difusas da janela molhada,
Teus olhos cintilam tristes
E é deles que ganho o labirinto do tempo.

Há névoa em meu olhar-mar, velhas pupilas,
Mas o barco da procura singra em meu ser gelado
Invocando tua imagem frágil na tempestade...
Teu corpo despido e entregue é avassalador,
Tal qual era assustadora a certeza em teu fremir!

E eu, velho fauno a ver-te na névoa, soçobro
Ante o inconcebível desejo de me tatuar de ti.
Busco-te no passado assim, arrebatamento devassado,
Carícia-ilha de mulher num horizonte difuso e perdido.

No escuro cobre deste quarto deserto,
Amarga está a minha boca de palavras e tinta...
Na luz parca da madrugada nua,
Meus olhos enfim apagam-se em águas-lágrimas!

2 comentários:

De Marchi ॐ disse...

Linda... :)

Carolina disse...

"(...)inconcebível desejo de me tatuar de ti."
AMEI!!!