3 de fevereiro de 2010


Navego no tempo qual ser estranho,
Homem faminto de quereres...
A água à toa da vida no olhar perdido
Ainda atiça meus desejos,
Ainda sustem minha nau de tantos não-rumos.

Da hora em que vim, ignaro de dores e cansaços,
E tomei para mim o leme inútil de meu barco,
Entendi apenas que não importa aonde chegar
Mas sim o oceano-tempo a me conduzir em descaminhos
Num viver sem remorsos cada gota das águas que me cabem.

Continua, corpo meu cansado!
Singra as ondas que o deus do nevoeiro
Pôs à tua volta nesse mar do existir.
Haverá um porto no fim da jornada
Para a alma teimosa que carregas:

Uma ilha nua na pele de uma indizível mulher
Onde hei de me desfazer de quem sou
Do que fui, do que vi, do que fiz
E mesmo em meio ao medo e ao espanto,
Consentir e esquecer.

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