12 de janeiro de 2010

POIESIS


POIESIS I

Ah lindos olhos!

Que fria é a indiferença!
Crer ou não crer,
Fogo divino ou roubado,
Fogo estelar ou fogo fátuo,
Barro das estátuas ou poeira de estrelas...

Ao abrir a arca, lindos olhos,
O deslumbramento do primeiro instante
Fenece,
Pois não alcançamos a eternidade.
Aqui é o poço do interminável...

O eterno é mais como a fotografia,
Ilusão, átimo e átomos que não envelhecem,
Sempre o primeiro espocar.
Apenas meus fantasmas
Continuam livres nos álbuns de retratos.


POIESIS II

Tempo é como uma onda a girar sobre si.
O mar da eternidade, esse, é instantâneo,
Não tem ontem nem amanhã!
Um velho templo abandonado tem mais de Deus
Que todas as religiões.
Vazio e sem teto, sem ninguém que o bendiga,
Sem pensamentos
É sagrado por deixar de ser...
O acontecer é o espaço a rolar na vaga do tempo...
O início é só uma palavra que em verdade
Nunca devia ser dita.


POIESIS III

Nenhum lugar...
Névoa dos séculos sem ninguém,
A ausência, o vazio.
Só o amor é único e eternamente jovem.

O que é mais repugnante é o correr dos anos,
A verdadeira prisão dos homens...
O anjo mais belo já é comparação,
Implica em haver o mais feio, dualidade, existência.

Esse anjo luzente, o mais só, cíclico e interminável,
Arde e consome-se, lucila e então se apaga.
É a última entranha,
E por ser derradeiro teve começo
E isso é não ter paz,
Isso é Nascer e Morrer!


POIESIS IV

Existir está fadado a acontecer
E o destino é a vontade,
A órfã vontade dos mais antigos anseios.
Os corações acorrentados por Saturno petrificarão,
Depois desmanchar-se-ão em pó
E o pó em instante.
A redenção é deixar de ser,

Nenhum lugar, nenhum momento,
Apenas o amor primeiro e único!


POIESIS V

Por que “se Deus quiser”?
Quem quer é o homem,
Esse prisioneiro do acontecer.
Deus nada quer e nem acontece
Por isso é eterno.
Existir nada tem a ver com a eternidade!

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