28 de junho de 2008

A Deusa de Mármore

O escultor cinzelou levemente
Uma última vez...
Os olhos vítreos pousou na obra
E ao “vê-la” disse enfim:
Tenho sede.

E ela, olhos mortos de pedra,
Boca lânguida de branco mármore,
Continuou muda e fria diante dele.
Ele suplicou com os pés na lama do desejo:
Sede de ti.

E ela alojou secretamente suas queixas
Enquanto ele bebia das pesadas lágrimas
A cair pelas suas faces empoeiradas
Num indizível sulco úmido
De triste Narciso.

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