28 de abril de 2009

Interditos

Chove.
Tudo é névoa,
Força d’água, coito acabado e úmido.
Chove num outono a afastar minhas respostas.
E tudo está prestes a dormir, morrer, deixar de ser...
Caio, água-sêmen, fruta da minha carne,
Vida & morte.
Tomo o chão, descaso, encharco-me,
Coagular-se & dissolver-se.

Quem sou, saudade?
Quem?
A viver da melancolia de perdidas lembranças,
Tudo é tão irreal, tão incrível...
Não consigo amealhar pensamento
E sou absorvido por todas as mínimas frestas
A desvanecer...
Alma cansada, cedo à hora morta
Triste e sem saber aceitar!

Que virá depois do derradeiro céu?
Quem serei quando a tênue linha
A separar meu ser de mim se desfizer?
Não sou quem fui, não serei quem sou...
E, percebo, o país das maravilhas não existe
Nem mesmo atrás dos espelhos.
Abre-se o negro céu, estia...
A alma recosta-se diante do abrolho
E a estrela polar brilha estática sobre o nada...

Um comentário:

De Marchi ॐ disse...

Os bons e velhos noturnos... repaginados como todo outono.