3 de julho de 2009

A cidade dos deuses

Pompéia cravada nos Andes.
Oposta à morte enterrada,
Airada nas alturas, nata loucura
Nos sagrados sonhos tribais,
O horizonte de pedra bruta,
Rochedo do abismo,
Corpo de mulher-montanha,
Montanha Mágica...

Ai, quantos lados tem o porvir?
Mãos rupestres rasgaram em beijos
Todas as páginas que li.
Flores multicores de cristais,
Antigos muros saltados de um outro tempo...
Eu era a caverna, a gruta crua
De que escorria uma língua só tua,
Era a lua e a carne nua que escrevia amor
Nas escadas de tua porta.
Quantos acasos, quantos cheiros na relva do mundo...

O passado é silêncio e o futuro não vejo
E a aldeia abandonada aos deuses
Paira entre plantas rasteiras e folhas de coca.
Soprados templos na brisa divina
Flutuam na altura dos picos da cordilheira.
A verdade faz ninho no que sou,
Musgo das velhas paredes.
O espaço aos pés descalços desenha um poço.
Náufrago do tempo no umbigo da Terra,
Eu estarei aqui em forma de pó.

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