21 de dezembro de 2010

Sereias


Certa vez,
Uma obscura diva de canto sedutor e olhar divergente
Enfeitiçou-me...

E amarrado ao mastro de meu barco sem nexo e sem rumo,
Implorei ensandecido no vento:
Deixa-me estar em ti! Afoga-me em teus feitiços,
E a maga da ilha, luminoso rosto, sorriu longínqua, nua e bela!

Minha nau,
Livre de chocar-se com os abrolhos de meus sonhos,
Cumpriu sua sina...

E eu fiquei a gritar meu desejo enquanto me afastava dela.
Destroços da memória em mim,
Avesso de um náufrago
A boiar em tediosas velhas águas de sargaços...

Um comentário:

Mel Braga disse...

Sempre acreditei que um poeta se consagra em seus extremos...
No auge de sua felicidade ou na mais infinita dor, quando escreve versos tristes, mas, como por encanto sua pena os transforma em incomparaveis obras de arte...

beijos de sua fã n1