9 de maio de 2008

Marilyn


Eu fui Diva, eu fui deusa...
Fui eleita pelos homens,
Uma Vênus blond falsa, um ícone.
Era a prostituta sagrada.
E fui a
coisa com que mais sonhou
Quem me desejava!

O corpo, a fotografia da atriz,
Uma rara boneca platinada, a miss!

Não podia ser mulher,
ah não, isso não:
Humana mesmo,
desejosa, sensível,
Comum, linda sim,
mas com defeitos.
Acordar com olheiras
e mau hálito de manhã? Não.
Nem sujar minhas calcinhas!
A máscara sempre pronta,
Tinha que ser ré idílica,
Presa na redoma da película,
A imagem erótica,
filmada tantas vezes,
Dose incerta de libido para qualquer um.


Eu fui isso
Para além da medida!


Queria que tivessem me visto de fato,
Meu talento, minha força, meu sonho.
Alguém por trás de um nu de retrato,
Mas não. Nem meu recato eu tive.

Antes porém,
Ah antes, fui Norma Jean.
Eu tinha alguém dentro de mim:
Ela. Minha alma,
minha essência,
Frágil, errada, ingênua, órfã.
Uma menina doce,
generosa e amável
Que gostava de ser abraçada!
Uma operária que queria
ser feliz.
Um coração de amor e dor,
Verdadeira mulher feita de si
Que se daria toda
de bom grado
a um grande amor.
Mas ninguém quis.
E assim morri.


Eu fui Diva, eu fui deusa...
Eterna luz, enfim!

Ouça minha fria súplica,
O outro lado do sagrado:
Bendita entre as mulheres,
Busque também por mim.
Saiba ver em todas elas Norma Jean.

3 comentários:

Mario Ferrari disse...

Toda mulher deveria ser desejada como Marilyn e amada como Norma Jean. as duas uma só mulher!

Parabéns adiantados pelo seu aniversário, Edmea!
(15/05)
Mario

De Marchi ॐ disse...

Acusaram Norma Jean dos crimes de mil prostitutas, mas seu único pecado foi a ilusão de trocar-se por um sonho que tarde demais descobriu ser de outros.
Mil vezes a morena tímida e faminta de arte, a qual nenhum Kennedy jamais tocou.

Edmea Thea Belladonna disse...

mil vezes homens bonitos ou até mesmo feios, filhos de Dioniso que sabem de Norma Jean que os lindos filhos de Apolo, frios machos patriarcais que querem impor às mulheres serem somente Marilyns!
Obrigada Dênis, um dos dionisíacos!
Beijos,
Edmea