2 de maio de 2008

Olhar de criança

Sempre sem lugar nem hora,
Deixo-me diluir em velhos faunos,
Bastardos deuses que tudo sabem dos meus enganos.
Rogo-me conseguir de mim poesia, busca de cada dia,
Sem que disso me saiba a outra face.

A criança sagrada que arde em mim feito chama,
E que na lama dos sonhos me enlaça,
Ri, travessa, de meus duros dedos
E faz pouco de meu escuro olhar baço,
Quando no cansaço de escrever, vou para cama.

Mas na manhã seguinte acordo e continuo,
E de seus brilhantes olhos tiro versos de ver o mundo.
Teimoso e fadado, não recuo da vereda
E deixo-me levar num amor profundo
Pelo reverso de minha própria moeda.

2 comentários:

Vanessa Marques disse...

Lindo.

Anônimo disse...

posso postar esse.
Beco Imundo

Que bom andar trôpego pelas ruas
Debruçado em balcões
Dormindo em caixas de papelões
Lambendo a céu néon
Atirando garrafas
Jogado as putas
Trombando bucetas fumegantes
Arrastando corpos infames
É bom o cheiro do mangue
É linda a merda na latrina
Becos de Sevilha
Atrás de alguma rapariga
Quero o ranger da noite
Seu hálito frio
Sua boca aberta
Seu bafo vadio
Ah eu quero
Também ficar nu
Alto edifício
Telhado lantejoula
O saco que nem cebola
Voar em cima do teu baú
Comer fuder pupuaçu
Meter nas cadelas
Fornicar perebas
Coçar remelas
Travestido poeta
Mordaça no limite da glande
Estrangula meu desejo
Jorra esgoto bacilo
Lembrança teu rosto mar morto
Ama-me na lama azul
Rasgo-te o cu
Ontem sai da taberna
Louco ódio andarilho
bocejei
Olhei em cima
Era tua face abissínia
Adormeci na tarde pestilenta
Li tua poesia agourenta

Ass, λάθη βιώσας