10 de julho de 2008

Esses moços...

Cansada
quedo-me neste trem,
estação após estação,
a observar...
De repente,
são os moços,
esses moços, lindos moços,
Tantos moços lindos em volta de mim...
Um ouve música, fones de ouvido,
tristes pálpebras caídas na distância do olhar,
jovem arlequim que já não brinca.
Ao seu lado, assustado outro olha sem parar
para o homem louro à sua frente,
aquele que marca com o pé sua impaciência pela demora.
Entram quatro belos e ruidosos rapazes de terno,
a dizer bobagens e pequenas indecências
e então me percebo, nenhuma mulher por perto...
A que está ao meu lado não conta.
Dorme exausta e escondida...
E eu.
Eu? Será que conto?
Serei eu visível?
Ou serei eu tão feia assim? Bem sei que não!
Eles a falar de mim, bem ou mal, mas de mim...
Ou nem me sabem,
tão comum filha do esquecimento...
Só esses moços tão bonitos...
E nem um simples...
Ah! Houve sim... Um olhar!
É do “tristes pálpebras caídas”!
E agora está a desviar...
Não! Olha para mim...
Brinca vai... Flerta comigo...
Serei tão invisível assim?
Cansada quedo neste trem,
Estação após estação, a observar...
E esses moços, lindos moços,
Tantos moços lindos em mim...

Um comentário:

Mario Ferrari disse...

Serei eu visível?
Ou serei eu tão feia assim? Bem sei que não!

E esses moços, lindos moços,
Tantos moços lindos em mim...

visível sim, feia? Bem sabes que não!
A fêmea que contém o desejo em si brinca...

Beijo
Mario