28 de julho de 2008

Texto poético 07

Todos os dias olhando uma última vez para o espelho
a dizer “não tens razão”.
Todos os dias...
Todos os dias esperando
trens que vem como vermes mudos
sem dizer nomes ou itinerários,
guinchando obedientes nas plataformas.
Todos os dias voltando e esperando,
com o orgulho partido...
A casa é estranha,
o amor irreconhecível
e tudo sem lágrimas,
o espelho a dizer
“não espere por mais ninguém em vão”.
E agora... E todos os dias
Crianças correm pelos pátios de suas futuras memórias,
e as nuvens têm formas de tudo.
É só deitar no quintal e olhar para o céu...
E olhar
mesmo que uma última vez para o espelho da janela do metrô
sem razão, vazio e disperso,
viajando nos trens sem motivo melhor...
O céu não é o mesmo
e só há uma vaga idéia dos velhos quintais.
E tudo sem lágrimas,
o espelho a dizer “não espere por mais ninguém”
e estupidamente querer esperar...
Em vão!

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