12 de agosto de 2008

Ginsberg & Presley

Calado diante da tela ouro eletrônica
de um perdido computador dinossauro
vejo velho o novo que envelhece em dias,
a lama da antiga criação.
Calado diante dos cajados infames,
tapas na cara irremediáveis,
calado diante de Ginsberg ao ler Meu Amo,
o amor armado da servidão,
Fico apenas calado.
Range sutil a morte das palavras na memória vil,
bancos de dados.
Ao ouvir Presley "You were allways on my mind",
como se fosse Presley,
bancos de dados estão a confirmar se verdadeiro ou falso
como se pudessem,
deixo-me ruir incapaz de retornar,
abelha ao fim do dia, entre sóis artificiais.
Calado diante do ouro de teus cabelos
e das luzes de sódio-sol noite,
calado diante dos cartazes, dos apelos e das violações,
Calado diante dos últimos inventos,
das horas da indiferença, da meia vida,
fim de mim e do século da velocidade,
eu, cansado, desapareço inútil e silente.

Um comentário:

De Marchi ॐ disse...

"incapaz de retornar,
abelha ao fim do dia, entre sóis artificiais."

Pronto... agora essa imagem vai me perseguir por dias...