18 de setembro de 2008

Amáveis espectros

São fantasmas esses seres mal tecidos,
Estendidos no inferno como roupas no varal,
Máscaras estranhas carregando o antigo fardo da semelhança,
Figuras nostálgicas olhando através dos espelhos
Quase imóveis como reflexos em poças d’água.

Quadros de um filme sem cortes na fábula sem moral,
A poesia sem poetas, os sonhos sem censura,
São anjos rotos velados pelo medo de ver na hora de fechar os olhos,
O reverso das moedas, o outro jeito, não premeditado de dar o passo.

Doces sombras emudecidas pela covardia do homem vil,
Agarrado a seu obscuro anonimato, pretensamente invulnerável,
Esses elfos esperam pacientemente o abrir das portas
Vagando amáveis e obstinados nos jardins de todos os paraísos perdidos.

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