8 de dezembro de 2008

Fingir

Há dias em que pouco nos resta de uma vida inteira,
E diante do homem apenas a verdade permanece.
Há tardes em que a noite ameaça com seus olhos negros de cigana.
Não há mais tempo para fingir alegrias.
Apenas a face real diante de um espelho soturno.

Tenho diluído minha cota diária de mentiras,
Em linhas instáveis e rudes.
E os olhos daqueles que as percorrem,
Nada encontram de mim,
Ou daquilo que um dia eu seria,
Se de fato existisse...

Tufões arrebatam os pequenos seres cá embaixo
E a poeira tinge de passado,
Toda uma existência.

Um comentário:

Mario Ferrari disse...

"fingir" é um poema doloroso da poeta.
É forte e triste.
Parece um beco sem saída.
É lindo mesmo, muito bonito, emocionante.
E é como nos sentimos muitas vezes no nosso mundo.

Tenho diluído minha cota diária de mentiras,
Em linhas instáveis e rudes.
E os olhos daqueles que as percorrem,
Nada encontram de mim,
Ou daquilo que um dia eu seria,
Se de fato existisse...

Só que fica óbvio na confissão do poeta, que é justamente,paradoxalmente o contrário...
Adorei Vanessa.
Que bom que o trouxe pra cá.
Sentia falta de vc.
Beijão meu anjo da terra, a herdeira poeta da deusa.
Beijo Vanessa,
Mario