29 de março de 2008

Noturno 05

Onde quer que esteja a lua

entre as paredes doentias dos edifícios,

Estarei a buscar sua face,

ausente deusa suja de prata e cobre.

Busco vê-la como que surpreso

mesmo sabendo-a lá,

o olhar enfim recompensado.

Curvo-me a seguí-la repetindo velhas ladainhas

sem respostas nos ecos da noite.

Não sei dos gritos lancinantes ou dos gemidos de prazer

pelos becos da escuridão. Não os ouço.

Cães vagabundos marcam seus passos

a fugir dos homens à sua volta.

Minotauros caçam presas pedintes,

jovens Teseus nas entranhas dos labirintos urbanos.

Prostitutas fazem ponto à espera de solitários falos

na sombra de seus desejos.

Mas eu entregue ao meu olhar sedento,

transeunte indiferente e arredio,

Sigo alheio e vadio a procurar

a fonte da fria luz que me prende a mim.

Lua nova, lua velha, lua cheia, lua prenhe,

lua fêmea, resplandecente deusa lua,

Onde quer que esteja, nua,

objeto assim de orações e amores, evocações e enganos,

Estarei nela à minha procura, o lado sagrado da solidão.

3 comentários:

Vanessa Marques disse...

Mario!

Bem vindo ao grupo dos que acabaram se rendendo...rsss

Seu blog está delicioso!

PS: Quanto à ausência de poemas no meu blog.. pois é...rs...eu volto, eu volto....qualquer dia.

Beijos mil!

Vinícius Castelli disse...

A lua sempre nos remete a algum lugar. Lindo isso tudo que escreveste.

Mille Baccio

De Marchi ॐ disse...

Lunar sempre, sem crepúsculo senão para renascer. :)