13 de setembro de 2008

Onde deixo meu amor

Os seios macios e quentes da pajem que me carregava ao colo
Enquanto eu pequeno via deslumbrado as estrelas,

O primeiro beijo, dado em Marli
meu tortuoso caso de amor colegial,

Os delicados dedos de Blanche
Que me ensinava a tocar piano ,

O olhar sonolento da aluna adolescente
Que fazia a prova bimestral,

As pernas da bailarina bem diante de mim
Dançando etérea em meus olhos,

A boca da enfermeira da madrugada no hospital
A mordiscar distraída o lábio, caçando minha veia difícil,

Os joelhos de Fernanda que cercavam o violoncelo
Enquanto absorta tocava com a arte de ser mulher,

As ancas frementes e ondulantes de Irene,
A professora distraída a escrever na lousa sua aula de inglês,

As sedutoras mãos de Helena, lindas e ondulantes,
Sutil expressão gestual que dizia mais do que suas palavras ,

A avidez delirante da língua deliciosa de Sumie
A me beijar loucamente com “boca de peixe”,

O tornozelo com correntinha de ouro, fetiche de Ida dos Anjos,
a sagitariana de meus delírios passionais,

A arrebatadora bunda roliça que Selma, de bruços,
Empinava a gemer e a chorar possuída de prazer,

As sobrancelhas grossas da cabocla, vinda de Tupã
Que precisava de ajuda para achar o irmão em São Paulo,

Os olhos verdes e fundos de Ligia
A me fitar apaixonada e carinhosa,

O corpo sensual de Silvana que me amava inteiro,
Intuição e justiça do cavalo e da cobra, a paixão mais amorosa,

As coxas entreabertas de Cássia, sôfrega,
O rosto em brasa, pedinte,

O colo quente de Vilma depois de fazer amor, ofegante,
Agarrada comigo, entregue pelo prazer,

As três marcas do rosto jovem e decidido de Débora,
A menina do olhar lunar firme como um quebra-gelo,

O iridescente sorriso de Gláucia a vender coca-cola e cigarros
Na loja de conveniências um instante antes de eu partir,

A voz encantada da faxineira de Fernando ao telefone
Que mal sabe o quanto é sensual falando comigo,

Os deliciosos pés de minha fisioterapeuta, usando sandálias
Que ao mexê-los bolem com minha imaginação,

O rosto iluminado de Carolina, minha amada filha,
Metamorfose de criança em mulher, incansável ao se buscar,

A face oculta de mulher, o lindo e encantador vampiro
Com jeito de menina a devorar náufragos no mar da Internet...

Minha procura é sina e fiz dela o motor de meus dias.
Onde está meu amor? Onde se espraia? O que guardo comigo?
Todos os encontros...
Onde meu coração foi arrebatado? Onde?
Em cada mulher que vi, vivi, percebi, amei,
Instantes eternos...
Em todas,
O fascínio pela alma feminina!

Não descanse, coração,
Por favor, não
Que, para isso há o encontro com a derradeira mulher!

12 comentários:

De Marchi ॐ disse...

"Minha procura é sina e fiz dela o motor de meus dias."
Uau... depois dessa, quase me calo (senão para reclamar da última palavra da poesia).

De Marchi ॐ disse...

P.S.: tu anda inseguro quanto à clareza daquilo que transmite, né? Continue implícito, você domina essa pintura.

Mario Ferrari disse...

Está bem piquinim, você venceu!

tirei a última palavra!

blog simone disse...

Qual era a palavra tirada?
Amei essa bigrafia feita de buscas
É a procura enão a mulher ,o que faz vivier
Lindo e cruel
Beijão
Joy

Mario Ferrari disse...

era "a morte".
Que gostoso você por aqui!
pois é: a mulher!!!!!!
Mas vale para todos os arrebatamentos de qualquer gênero.
amor e Arrebatamento:
DO pó ao pó... entre os dois amar.
Eu amo você Joi!
Um grande beijo de leão pra leão!
Mario

blog simone disse...

Insisto que o que move é o processo
Como na borboleta o importante é o vôo
Amor é recíproco
Bjs
Joy

Mario Ferrari disse...

Com todos os vôos fui arrebatado.
Com eles aprendi a querer voar de novo.
Sempre voltei lagarta da razão a devorar e pupa num casulo a sonhar com meu vôo possível.
Mas o vôo... Eu tu, tu e eu, arrebatados mesmo que instantaneamente, é o mais próximo da eternidade que se pode chegar!
E isso é não se faz sem amar e também é recíproco!
Aquele beijão Joi.
Mario

Mérci disse...

Onde quer que esteja, a prateada lua...
Ilumina todos os amores e seus vicios
Deixando aberta a noite...
Toda ela nua!
Cultivando poemas dentro da madrugada,
o amante dizendo de amor para a amada.
O solitário recordando um tempo passado,
quando tinha um grande amor a seu lado.
E essa mesma Lua banha em prata o mar,
Se doando aos poetas em inspiração
É a mesma que luzir a solidão do deserto,
E nos mostra que o amor longe ou perto,
É sempre viável e em seu louvor cantar.

Lindo Mario!!!!
abraçossss

Carolina disse...

Obrigada pela parte que me toca,rs!
TE ADORO!!

Anônimo disse...

o vento soprou forte e levou minha estrela para longe, ele se foi e deixou sua pequena catatau só, sabia que iria e se foi..............

blog simone disse...

Segundo um velho manual que encontrei um dia,
Ao soprar gentilmente palavras de conforto e de incentivo
No ouvido de quem acabou de fechar definitivamente os olhos,
Dá-se àquela alma a força para levantar vôo...
Mas não temos que ficar à espera do último suspiro!
A gente pode ir praticando antes...
Voar para quem caiu dos anjos é amedrontador,
Contudo, a alma continua querendo de novo.
E foi lendo esse manual em mim que recomecei!
Olhar de criança, deslumbramento, alma despida,
E pronto: sonhei que vi o mar e conheci estranhos precipícios,
Vertiginosamente ascendia silencioso e sem respirar...
Quando voltava feliz, esquecia quase tudo de mim.
É o mistério que me persegue sempre que amanhece:
Apesar do medo do desconhecido,
Queremos voltar a ter asas.
Assim tudo seria eternamente poesia!

Recebi pelo email, no dia 27/12/2010

blog simone disse...

O texto acima foi postado pelo Mário Ferrari