4 de setembro de 2008

SEM TÍTULO


Estranho ser de fel a mergulhar dos próprios céus,
Grave escória, campina de estilhaços,
Irrisória trama que me enlaça,
Clama por mim no caos de que regresso.
Estremece os laços de meus presságios,
O eco do ardor contido em teu cerne.
Vem, meu adorno, grita então meu nome.
Resvala tua anca em minha anca a me seduzir com teu sexo.
Triste e circunflexa, parida dor de minhas sombras,
Vem, saudosa, tocar-me com tuas mãos ávidas de esperma,
Assoma-te com tuas garras de rapina
Até que estejas em mim, inútil pergunta para respostas ermas.

Sonho meu a emergir dos próprios véus,
Breve memória, cortina de fumaça,
Aleatória bruma que me abraça,
Chama por mim nos vaus que atravesso.
Repete às avessas o fim das palavras,
O eco do amor perdido sem retorno.
Vem, meu contorno, sussurra em vão meu nome.
Roça tua boca em minha boca a dizer coisas sem nexo.
Doce reflexo, curadora de meus escombros,
Vem saudade, toca-me com tuas mãos úmidas de espuma
Assombra-me com teu chamado na neblina
Até que sejas, em mim, inútil resposta para pergunta alguma.

2 comentários:

웃 Mony 웃 disse...

De dor, de saudade e de sil~encio também se renasce...
Do escuro mudo no nada é que tudo de repente surgiu.
Tudo são ciclos.
Tranquilidade, que breve faz-se a luz.
Beijo, poeta!

Vinícius Castelli disse...

Sempre belo!